Conservação de tartarugas em Angola avança apesar dos desafios

As first appeared in Wi.Ao, in Angola here. Written by Manuel David Sumbo.

October 18 2022

As tartarugas que desovam na costa angolana continuam em perigo, pois muitos cidadãos matam a espécie animal para consumo ou comércio.

O Projeto Kitabanga trabalha ao longo da costa angolana, marcando e monitorando movimentos e reprodução de tartarugas marinhas.

Imagem da Projeto Kitabanga.


Angola possui uma vasta diversidade de espécies animais, mas infelizmente ainda não temos uma ideia clara da sua importância para a vida e para o ecossistema.

As tartarugas que desovam e nidificam ao longo da costa angolana continuam em grave perigo, não só devido às recentes alterações climáticas, mas também porque muitos cidadãos continuam a matar o animal para consumo ou comércio .

Angola é parte em várias convenções internacionais para a protecção desta espécie em vias de extinção, pelo que o WI-AO fez uma deslocação à província do Cuanza Sul, mais concretamente à região da Longa, para conhecer o Projecto Kitabanga, implementado pela Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto, que tem vindo a trabalhar no estudo e conservação das tartarugas marinhas no país.

Para o professor universitário e coordenador do Projecto Kitabanga, Michel Morais, no âmbito do processo de selecção das áreas de conservação, Longa é um dos locais mais importantes para a desova das tartarugas na costa angolana.

Morais lembra que uma das principais ameaças a essa espécie é a pesca artesanal e por isso é importante conscientizar a população. Foi neste sentido que se apostou no desenvolvimento de atividades de educação ambiental para sensibilizar a comunidade e assim salvaguardar as tartarugas marinhas.

Ainda assim, explicou que nos últimos 5 anos tem havido uma chegada de pescadores vindos de outras zonas, o que tem criado desafios na zona de protecção.

“Diante desse problema, houve um visível aumento de tartarugas marinhas mortas, aumento de pescadores e diminuição da espécie”, disse.

Dados de fonte oficial revelados ao WI-AO, apontam para a existência de pelo menos 30 pescadores na região, que receberam o aval dos Soba (líderes tradicionais) para exercerem as suas funções, mas para isso foram orientados a criar uma comissão que poderia representá-los.

“Temos a associação criada, mas não está legalizada por falta de meios financeiros”, disse a fonte.

Eles reconhecem que vieram de outras áreas para acampar na região litorânea de Longa, em busca de melhores condições de vida.

“Viemos do município de Porto Amboim, chegamos aqui, fizemos tudo e queremos ser legais.”

Quanto à pesca não autorizada, afirmam ter encontrado várias embarcações vindas de Luanda, Sumbe, Lobito, pelo que também a questão das tartarugas mortas os surpreende.

A falta de fiscalização e educação quanto à conservação da biodiversidade está a colocar em risco a presença destas espécies em Angola.

O guarda fronteiriço que actua na zona costeira de Longa, aponta a falta de barcos para patrulhamento e o número reduzido de agentes como os principais factores da fraca fiscalização.

“As dificuldades que temos encontrado para realizar nosso trabalho é a falta de uma embarcação, porque as tartarugas normalmente são abatidas à noite. É nessa época que as tartarugas desovam e é também nessa época que os pescadores aproveitam”, disse.

Vale lembrar que a tartaruga marinha é protegida por lei em Angola. O Despacho nº 1489/21, de 26 de março, restringe a ocupação e atividade pesqueira na região da foz do rio Longa em prol da conservação das tartarugas marinhas.

This article is reproduced here as part of the African Conservation Journalism Programme, funded in Angola, Botswana, Mozambique, and Zimbabwe by USAID’s VukaNow: Activity. Implemented by the international conservation organization Space for Giants, it aims to expand the reach of conservation and environmental journalism in Africa, and bring more African voices into the international conservation debate. Written articles from the Mozambican and Angolan cohorts are translated from Portuguese. Broadcast stories remain in the original language.

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